sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Salomão

   Salomão, o terceiro rei de Israel, foi um enigma tanto quanto seu pai Davi. Embora seja lembrado como o mais sábio governante da história de Israel, ele cometeu um sem-número de erros extraordinariamente tolos que, por fim, levaram à desintegração de seu reinado.
   Ele foi o segundo filho de Davi e Bate-Se-ba. Em seu nascimento o profeta Natã deu-lhe o nome Jedidias (o amado de Jeová). Embora Salomão fosse seu nome como rei, o fato de a Bíblia usar o nome Jedidias somente uma vez (2Sm 12.25) indica que o nome de Salomão foi usado desde muito cedo.
   Se, por um lado, sabemos muitos detalhes da família de Davi, tanto os eventos felizes como os sórdidos, não sabemos praticamente nada sobra a família de Salomão.
   Salomão tinha a reputação de ser um grande amante de mulheres; e se ele foi mesmo o autor de Cântico dos Cânticos (outro Livro do Antigo Testamento), ele foi capaz de expressar esse amor em versos magníficos. Ele teve 700 (setecentas) mulheres e 300 (trezentas) concubinas, e sua libertinagem (licenciosidade de costume, conduta de pessoa que se entrega imoderadamente a prazeres sexuais; a prática do libertino) com incontáveis mulheres estrangeiras o levou, por fim, a uma derrocada espiritual e à adoração a ídolos pagãos (1Rs 11.1 em diante). 
   Salomão tinha cerca de 20 anos quando ascendeu o trono. Depois que ele nasceu Davi (por direção de Deus) prometeu a Bate-Seba que ungiria Salomão como seu sucessor.
   Salomão, de fato, estava despreparado e desqualificado para governar. Ao que parece, ele nunca teve idéia do que havia significado para Davi conquistar o trono e unificar as doze tribos de Israel.

   Sua grande virtude era seu aparente desejo de ser um bom rei. Sua oração a Deus quando se tornou rei foi: "Dá-me sabedoria e conhecimento, para que eu possa liderar esta nação" (2Cr 1.10). Deus lhe disse que, uma vez que ele havia pedido sabedoria, e não riquezas ou destruição de seus inimigos, Ele iria lhe conceber "todas" as coisas.
   Felizmente, o tempo de seu reinado foi de uma prosperidade quase ilimitada, e embora o povo tenha sido oprimido muitas vezes e sofrido com taxas pesadas, ele foi capaz de granjear fortuna ainda maior do que a do seu pai Davi. Durante seu reinado, ele construiu vários prédios extraordinários, incluindo três fortificações que constituíam cidades inteiras, assim como inúmeros prédios públicos. A coroa de suas realizações, entretanto, foi uma de suas primeiras: o magnífico Templo de Jerusalém.
   A opressiva taxação de Salomão afastou seus súditos e enfraqueceu a economia.
   Salomão conquistou reputação internacional por sua sabedoria judicial, que não era totalmente imerecida (1Rs 4.29 em diante). Embora haja pouca dúvida sobre ele não ter escrito todos os trabalhos que lhe são atribuídos, ele certamente é autor de porções significativas dessas obras.
   O controle de Salomão sobre as rotas de comércio do sul lhe deu também o controle do comércio árabe, extremamente lucrativo, de especiarias raras e tecidos exóticos. Através desse empreendimento, ele conheceu a Rainha de Sabá. Ela ficou maravilhada com a opulência do palácio e também de toda a tua sabedoria. Ela permaneceu no palácio por algum tempo, e quando retornou a Sabá, recebeu do rei uma grande fortuna em ouro e objetos preciosos (1Rs 10.13). 
   Salomão foi significativamente mais tolerante para com as religiões pagãs. Permitiu que várias cidades cananitas que haviam sido anexadas mantivessem seus costumes pagãos. Ele também se casou com várias mulheres estrangeiras e permitiu que elas mantivessem seu paganismo. Na velhice, o próprio Salomão praticou o paganismo. Sabemos que:
"à medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros "deuses", e o seu coração já não era totalmente dedicado ao SENHOR, o seu Deus, como fora o coração do seu pai Davi" (1Rs 11.4). 
   Nos últimos anos do reinado de Salomão, Deus levantou muitos inimigos estrangeiros para 'ferir' Israel.
   Quando Deus fez sua aliança com Salomão, Ele advertiu da seguinte maneira:
"mas se você ou seus filhos se afastarem de mim e [...] prestarem culto a outros deuses e adorá-los, desarraigarei Israel da terra que lhes dei, e lançarei para longe de minha presença este templo que consagrei ao meu nome. Israel se tornará então objeto de zombaria entre todos os povos " ( 1Rs 9.7-8)
   Quando seu filho Roboão ascendeu ao trono, Jeroboão voltou do Egito, destruiu a Monarquia Unida e desafiou a ascensão de Roboão ao trono. Ao fim, dividiu o reino em uma revolução sem derramamento de sangue.
   Ao julgarmos Salomão e Davi, ou qualquer outro rei de Judá, é importante lembrar que não podemos julgar pelos padrões dos governantes de hoje, mas considerar os padrões do passado.
   O legado de Salomão não é sua sagacidade política ou o acúmulo de riquezas, embora ele tenha reunido imensa fortuna. Também não é seu resplandecente templo e outras magníficas contruções. Seu legado, a despeito de seus atos tolos, é a sua sabedoria com a qual ele buscou julgar seus súditos e sua poesia e prosa gloriosas, que enriqueceram o judaísmo e o cristianismo por (+ou-) 3000 (três mil) anos.

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